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domingo, 27 de março de 2011

Apertem os cintos: o piloto é uma mulher!

Que pilotar fogão, que nada! Anésia quis subir bem mais e ganhar as alturas. Foi a primeira mulher a realizar o trecho Rio-São Paulo. Participou da Revolução de 24: em missão voluntária de paz, jogava pétalas de rosa do céu nas prisões da cidade.

Inaugurou a profissão de repórter aeronáutica de São Paulo e manteve durante 1927 e 1928 uma coluna semanal no jornal O País. Foi precursora também ao ligar as três Américas, num voo de Nova Iorque ao Rio de Janeiro e ao cruzar os Andes em um monomotor.

Além disso, foi a única representante do sexo feminino a dar instrução especializada numa corporação militar de voo. Não casou e nem teve filhos, mas viveu uma grande paixão com o militar e aviador Marechal Appel Netto, que largou a mulher para morar com Anésia quando o divórcio ainda nem constava da Constituição. Ficaram juntos por 30 anos. Anésia foi precursora da ponte aérea Rio-São Paulo. Morreu aos 95 anos em 10 de maio de 1999, em Brasília.

Anésia Pinheiro Machado nasceu em Itapetininga (SP) em 5 de junho de 1902. Foi a primeira mulher a se habilitar e a trabalhar como aviadora no Brasil. Iniciou seus estudos em 1921 e já no ano seguinte recebia seu brevê nternacional pelo Aero Club do Brasil. Ainda no mesmo ano, realizou seu primeiro voo interestadual de São Paulo ao Rio de Janeiro, como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil, e participou de uma apresentação de acrobacias aéreas.Por estes, foi pessoalmente homenageada por Santos Dumont. Entre 1927 e 1928, manteve uma coluna dominical sobre aviação no jornal carioca "O País".

Em 1943, fez curso nos Estados Unidos, onde também se licenciou como piloto e instrutora de voo. Entre seus feitos pioneiros, destacam-se uma travessia da Cordilheira dos Andes e uma viagem transcontinental pelas três Américas, ambos em 1951. Em 1954, foi proclamada pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI), durante a Conferência de Istambul, Decana Mundial da Aviação Feminina. Recebeu dezenas de condecorações civis e militares, nacionais e estrangeiras. A urna com suas cinzas está depositada no Museu de Cabangu, na cidade de Santos Dumont (MG).

Com apenas vinte anos de idade e cinco meses após obter seu brevê, Anésia decidiu fazer o voo entre São Paulo e Rio de Janeiro como forma de participar das comemorações do centenário da Independência e não imaginava que causaria tanta sensação, conforme afirmou em entrevista concedida em 1961 ao jornal The Evening Star , de Washington.

A viagem foi realizada no monomotor Caudron G3, batizado de Bandeirante, o mesmo em que aprendeu a voar. A viagem durou quatro dias, de 5 a 8 de setembro. Anésia voava, no máximo, uma hora e meia por dia, quando tinha que pousar para reabastecimento e revisão da aeronave.

Anésia foi recepcionada no aeroporto do Rio de Janeiro por autoridades do governo e populares, dos quais recebeu flores e outros presentes. Naquela ocasião, Santos Dumont presenteou Anésia com uma medalha de ouro, réplica de uma que ele próprio havia recebido da Princesa Isabel, e que Anésia levou sempre consigo ao longo de toda sua vida, por considerá-la seu amuleto de boa sorte.

Pioneirismo contestado

A filial brasileira da International Organization of Women Pilots, porém, contesta o pioneirismo de Anésia e atribui a Tereza de Marzo a primazia de ter sido a primeira mulher brasileira a pilotar um avião. Tereza e Anésia são contemporâneas e colegas da mesma escola de aviação, em São Paulo. Tiveram o mesmo instrutor, Fritz Roesler, com quem Tereza viria a casar. Tereza iniciou seus estudos em março de 1921, Anésia, em dezembro do mesmo ano. O voo solo (sem a companhia do instrutor) de ambas aconteceu na mesma data, 17 de março de 1922. Tereza recebeu o brevet de nº 76 da FAI, em 8 de abril de 1922, Anésia, o de nº 77, no dia seguinte. Tereza abandonou a carreira de aviadora em 1926, ao casar, enquanto Anésia permaneceu em atividade por mais três décadas.

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