Total de visualizações de página

terça-feira, 24 de maio de 2011

Shirin Ebadi: sem o véu, mas com coragem...

A advogada iraniana Shirin Ebadi, 63 anos, foi a primeira mulher islâmica a ganhar um Nobel da Paz, prêmio concedido em 2003. Quando lhe perguntam onde mora, responde: “nos aeroportos. Meus amigos não me aconselham a voltar ao Irã neste momento”. Por se opor ao regime dos aiatolás e ao governo de Mahmoud Ahamadinejad, a vencedora do Nobel da Paz, corre risco de ser presa por crime de opinião caso retorne ao seu país.

Shirin Ebadi tornou-se a primeira mulher iraniana a ser nomeada juíza em 1969 e a primeira mulher iraniana a presidir um tribunal legislativo em 1975. Após a Revolução Islâmica de 1979, por pressão dos clérigos conservadores que insistiam que o Islã proibia as mulheres de serem juízas, foi destituída da magistratura

Atualmente, Shirin Ebadi é professora na Universidade de Teerã e tem-se envolvido numa campanha a favor do estatuto legal das mulheres e crianças no Irã. Como advogada é conhecida pela sua intervenção em numerosos casos de violação de direitos humanos, em especial de mulheres e crianças. Também tem defendido dissidentes, membros de minorias religiosas e de publicações fechadas pelo governo iraniano.

Shirin Ebadi também ajudou à criação da lei contra o abuso físico de crianças, que foi aprovada pelo parlamento iraniano em 2002 e fundou duas organizações não-governamentais: Sociedade para a Proteção dos Direitos da Criança e o Centro dos Defensores dos Direitos Humanos.

Prêmio Nobel
Em outubro de 2003 o Comitê Nobel considerou-a uma "pessoa corajosa" e atribuiu-lhe o Nobel da Paz pelos seus esforços corajosos em prol da democracia e dos direitos humanos, especialmente direitos das mulheres e das crianças. A agência oficial iraniana mencionou o evento apenas com algumas linhas.

Desde que recebeu o prêmio, Shirin Ebadi tem viajado por diversos países estrangeiros, dando conferências e recebido homenagens, publicando documentos e defendendo pessoas acusadas de crimes políticos no Irã.

Ameaças

As ameaças contra elea e à sua família família começaram em 2008 e advertiam-na a não fazer discursos no exterior. Em dezembro deste memso ano um grupo de manifestantes atacou a sua casa. No final desse mês, a polícia iraniana fechou o escritório do Centro dos Defensores dos Direitos Humanos.

Jornais europeus publicaram, em setembro de 2010, as críticas de Shirin Ebadi à pena de morte para a iraniana Sakineh Ashtiani (acusada de adultério e cumplicidade na morte do marido) e ao editorial do jornal iraniano Kayhan, que atacou a primeira dama francesa, Carla Bruni, que expressou em carta aberta solidariedade a Sakineh, chamando-a de prostituta e de merecedora da pena de morte. “Não é o meu Irã e as ofensas contrariam a nossa cultura”, desabafou Shirin Ebadi.

Publicações
Foram traduzidas e publicadas em língua portuguesa duas obras de sua autoria: O Despertar do Irão (2007) e A Gaiola de Ouro (2009).

NR: Sakineh Ashtiani foi condenada à pena de morte por apedrejamento. Apesar da pressão internacional, o governo iraniano mantém a sentença. No ano passado (2010), o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a manifestar ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a disponibilidade de receber Sakineh no Brasil. Mas a oferta não foi considerada pelo governo iraniano.

A cor da Paz: coragem contra um regime opressor...

O Prêmio da Paz de 2004 foi concedido a ativista ambiental queniana Wangari Maathai por sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz. De acordo com o Comitê Norueguês de Nobel, Maathai (64) está na vanguarda da luta pela promoção de um desenvolvimento social, econômico e cultural ecológicamente viável no Quênia e em toda a África.

Maathai tomou posição corajosa na luta contra o antigo regime opressor no Quênia. Sua postura chamou a atenção para a política de opressão tanto no âmbito nacional como internacionalmente. Ela tem sido fonte de inspiração para muitos na luta pelos direitos democráticos, encorajando as mulheres, especialmente, a melhorar sua situação. Maathai combina ciência, engajamento social e política ativa. Mais do que simplesmente proteger o ambiente existente, sua estratégia visa assegurar e fortalecer a base de um desenvolvimento ecologicamente sustentável.

Cinturão Verde
Fundou o Movimento do Cinturão Verde (the Green Belt Movement), pelo qual, por quase trinta anos, tem mobilizado mulheres pobres a plantarem 30 milhões de árvores. Seus métodos foram adotados também por outros países. Proteger as florestas contra os processos de desertificação é um ponto crucial na luta para fortificar o meio ambiente e a vida em nosso planeta.

Através do ensino, planejamento familiar, alimentação e da luta contra a corrupção, o Movimento do Cinturão Verde tem pavimentado o caminho para o desenvolvimento. O Comitê Norueguês de Nobel acredita que Maathai é porta-voz das melhores forças da África para promover a paz e boas condições de vida no continente.

Wangari Maathai torna-se a primeira mulher da África a ser homenageada com o Prêmio Nobel da Paz. Será também a primeira pessoa da área compreendida entre o Egito e a África do Sul a receber o prêmio.

domingo, 22 de maio de 2011

No pequeno frasco, uma grande essência...

Por quem os sinos dobram? Às 18h deste domingo, 22 de maio de 2011, eles dobraram pelo "anjo bom da Bahia", a irmã Dulce, oficiamente declarada neste dia como beata pelo núncio apostólico Dom Lorenzo Baldiceri, em cerimônia religiosa na capital baiana, Salvador. Em dezembro de 2007, a freira Lindalva Justo de Oliveira também foi beatificada em Salvador, mas esta, embora atuasse como religiosa na capital baiana, nasceu no Rio Grande do Norte.

A beatificação da irmã Dulce deve-se ao "milagre" atribuído a ela na vida da funcionária pública sergipana, Cláudia Cristiane Santos de Araújo, que sofrera uma forte hemorragia durante o parto do segundo filho. Em virtude do sangramento, os médicos a desenganaram. O "milagre" atribuído à freira aconteceu há dez anos, em 12 de janeiro de 2001. Foi o padre José Almir – amigo da família e devoto da irmã Dulce – que disse à funcionária que pedisse à religiosa com fé pela sua recuperação.

Vida e Obra
Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador, sendo registrada Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 13 anos, manifestou interesse pela vida religiosa e pelos pobres, a ponto de transformar a própria casa em local de atendimento aos desvalidos. Os pais - o dentista Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes - , resistiram à ideia da filha. Somente após Maria Rita completar 18 anos é que pôde trilhar o caminho desejado. Em 1933, ela ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo (Sergipe). No mesmo ano ordena-se freira e adota o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe.

Voltou à Bahia e iniciou seu trabalho assistencial em comunidades carentes. Na missão incansável de ajudar, perambulou pelas ruas de Salvador, com seus desassistidos, até que com autorização da sua superiora, ocupou o galinheiro do Convento Santo Antonio, levando para lá 70 doentes, local onde fundou o Hospital Santo Antonio, que atualmente responde por mais de cinco milhões de atendimentos por ano.

Com apenas 1,47m de altura, a freira, que respirava com apenas 20% da capacidade pulmonar, ampliou o seu trabalho assistencial, contando apenas com doações. Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, junto aos seus doentes. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, futuro Santuário de Irmã Dulce.